Dow Jones desaba 3% com temor de guerra comercial após anúncio de Trump, mas Copom salva Ibovespa

No exterior, todos os principais índices registraram queda de mais de 2% de olho no pacote de tarifas de Trump

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Enquanto no exterior o Dow Jones desabou quase 3% após o presidente Donald Trump praticamente iniciar uma “guerra comercial” com um pacote de tarifas de até US$ 60 bilhões contra a China, o Ibovespa foi “salvo” pelo anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária) na noite anterior, que surpreendeu ao indicar mais um corte de juros em maio.

Com isso, o índice fechou com queda de “apenas” 0,25%, aos 84.767 pontos, se recuperando nos minutos finais do pregão. O volume financeiro ficou em R$ 9,942 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, encerrou o pregão com fortes ganhos de 1,27%, cotado a R$ 3,3099 na venda.

Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 recuaram 21,5 pontos-base, a 6,24%. Já os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíram 19 pontos-base, a 8,06%. O movimento ocorreu após a sinalização do Copom de que pode haver um novo corte na Selic na próxima reunião. Ontem, a taxa básica de juros brasileira foi reduzida em 25 pontos-base, para 6,5% ao ano, na mínima histórica. As expectativas do mercado eram de que este fosse o último movimento do ciclo de corte de juros, iniciado em outubro de 2016.

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No exterior, o presidente dos EUA assinou um projeto que impõe uma série de tarifas no valor total de até US$ 60 bilhões sobre a China, além de impor restrições às transferências de tecnologia e aquisições para Pequim, com a intenção de pressionar a China e restringir o que os EUA consideram práticas injustas de comércio e investimento.

“Nós vamos fazer uma seção 301, que é uma ação comercial. E isso pode ser da ordem de US$ 60 bilhões. Mas isso é apenas uma fração do que estamos falando”, disse Trump, lembrando que o déficit dos EUA com a China é de cerca de US$ 500 bilhões. A notícia fez papéis de gigantes como Boeing e Caterpillar desabarem mais de 4% com temores de que a China faça retaliações.

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Mais cedo, o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, informou que o Brasil e outros países aliados ficarão de fora da aplicação da sobretaxa do aço e alumínio que entra em vigor amanhã. Segundo ele, o presidente Trump decidiu “suspender a imposição das tarifas em relação a esses países”. Além do Brasil, estão na lista a Austrália, Coréia do Sul, Argentina e a Europa, que se juntam ao México e Canadá que já estavam fora da da imposição por fazerem parte do Nafta.

Fomc

Enquanto isso, no exterior, o mercado também digere a última reunião do Fomc e uma maior probabilidade de uma alta adicional nos juros norte-americanos ainda em 2018. Na decisão de ontem, em que a autoridade monetária local elevou as taxas para a faixa de 1,5% a 1,75%, mais três membros votantes passaram a projetar um total de quatro altas neste ano, ante três previamente apontadas. Agora, este grupo já conta com sete dos 15 membros votantes.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Eletrobras (ELET3) recuam com notícias sobre barreiras para a privatização na Câmara dos Deputados têm pressionado as ações da companhia. Em entrevista à Bloomberg, o deputado Leonardo Quintão (MDB-MG) disse que a comissão não vai a lugar nenhum. Para acessar os destaques do radar corporativo, clique aqui.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GGBR4 GERDAU PN 15,36 -3,88 +24,30 246,50M
 GOAU4 GERDAU MET PN 7,23 -3,47 +24,87 106,18M
 QUAL3 QUALICORP ON 22,95 -3,04 -25,97 104,23M
 CSNA3 SID NACIONALON 8,70 -2,03 +3,82 145,70M
 BRAP4 BRADESPAR PN 31,60 -1,83 +10,03 78,29M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PARON 11,76 +4,35 -7,62 64,07M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 18,35 +3,67 +8,13 119,79M
 IGTA3 IGUATEMI ON 39,90 +3,18 +1,29 51,97M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,74 +2,94 -28,94 27,08M
 LREN3 LOJAS RENNERON EJ 35,05 +2,85 -1,03 107,37M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 21,72 -1,50 1,09B 1,06B 58.292 
 VALE3 VALE ON 41,93 -1,34 635,59M 851,67M 25.904 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 49,92 -0,32 621,47M 622,62M 24.479 
 BBDC4 BRADESCO PN 38,22 +0,61 388,30M 395,62M 29.019 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 41,49 -1,80 328,87M 412,40M 16.660 
 FIBR3 FIBRIA ON 64,00 +0,50 275,35M 222,57M 18.913 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 24,01 +0,50 248,99M 387,80M 21.123 
 GGBR4 GERDAU PN 15,36 -3,88 246,50M 230,57M 19.648 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 32,50 +2,30 238,64M n/d 20.711 
 PETR3 PETROBRAS ON 23,63 -0,55 223,60M 257,43M 15.523 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda econômica

O mercado repercute a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) da noite da véspera, que fez o que todos esperavam: cortou a Selic em 25 pontos-base, para 6,50% ao ano. Mas por outro lado surpreendeu analistas e investidores com seu comunicado, onde praticamente cravou que irá reduzir os juros novamente em maio. Assim, a curva do DI, que embutia no fim do dia de ontem probabilidade marginal de alívio em maio, poderá ter uma sessão de ajuste. 

Em linha com o comunicado, algumas instituições já anunciaram mudanças em suas projeções, como o Rabobank, que agora vê a Selic em 6,25% no fim deste ano, ou seja, apenas mais um corte e depois manutenção da taxa pelo menos até o início de 2019. Segundo a XP Gestão, o cenário-base agora para a reunião de maio é um corte de 25 pontos-base nos juros. Ainda no Brasil, nesta quinta, o Banco Central oferta até 14 mil contratos de swap para rolagem e o Tesouro faz leilão de LTN para 2019, 2020 e 2022 e de NTN-F para 2025 e 2029.

Veja mais em: Novo corte de juros, revisão de projeções e ações em alta: como o mercado reagiu a surpresa do Copom

STF

Após muita polêmica, o STF (Supremo Tribunal Federal) está julgando nesta tarde o habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual ele pretende impedir sua prisão após condenação em segunda instância no caso do triplex no Guarujá (SP).

Com a decisão, o habeas corpus de Lula no Supremo será julgado antes do embargo de declaração protocolado pela defesa do petista na segunda instância da Justiça Federal.  O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre, marcou para a próxima segunda-feira, dia 26, o julgamento do recurso.

Em entrevista à Bloomberg, Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, apontou que o habeas corpus no STF de Lula tende a ser rejeitado por um placar apertado de 6 a 5 votos. O “voto de minerva” seria de Rosa Weber que, apesar de já ter se manifestado a favor da execução da pena somente após o julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça),  tem seguido a jurisprudência. 

Também no radar político, a Coluna do Estadão informa que interlocutores do presidente Michel Temer já trabalham com a informação de que ele será denunciado pela terceira vez pela Procuradoria-Geral da República no inquérito dos Portos antes da eleição de outubro, o que contaminará o período eleitoral. Assim, a reforma ministerial será usada para garantir apoio na Câmara, responsável por analisar denúncias contra presidentes.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.