Petrobras cai 4,8% e mais 3 ações afundam até 10% após resultados; veja mais destaques

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (15) Ações caem até 10% após balanços do 4º trimestre; confira mais destaques

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve um dia azedo, caindo 1,3% com o mercado digerindo o balanço de Petrobras que, apesar de ter ficado em linha com o esperado pelos analistas excluído os efeitos não-recorrentes, fez as ações caírem mais de 4%.

Além de Petrobras, o mercado ficou de olho nos próximos passos do governo de Donald Trump após a chegada do conselheiro Larry Kudlow à Casa Branca, que sinaliza suporte a um dólar forte, uma possível segunda fase da reforma tributária e linha dura no comércio com a China. Confira os destaques:

Petrobras (PETR4)

Em um dia de alta para o petróleo, com o WTI com ganhos de 0,75%, a estatal fechou em queda. A Petrobras repercute o resultado do quarto trimestre de 2017, com a estatal registrando prejuízo de R$ 5,48 bilhões, ante lucro de R$ 2,51 bilhões no mesmo período do ano anterior. O número foi fortemente impactado pelos itens não-recorrentes, em meio ao acordo para encerramento da class action (ação coletiva) nos EUA, no valor de R$ 11,2 bilhões e adesão aos programas de regularização de débitos federais, o Refis.

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Com isso, no ano, a estatal apresentou prejuízo de R$ 446 milhões em 2017, no quarto ano seguido de perdas. Segundo a companhia, sem os itens não-recorrentes, o lucro em 2017 seria de R$ 7 bilhões. Veja mais clicando aqui. 

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A Petrobras teve um resultado bastante “poluído”, com diversos itens não-recorrentes para os investidores analisarem. Mesmo com a queda nos números, analistas apontaram dados bastante positivos e que não deveriam assustar o mercado (clique aqui e confira a análise completa). Segundo um analista de uma gestora que não quis se identificar, a estatal apresentou números operacionais bastante fortes e mostrando progresso com venda de ativos que representavam um forte impacto na linha de despesas. 

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Os analistas do Bradesco BBI, por sua vez, apontaram que a empresa apresentou melhores margens em seus negócios com preços mais elevados do petróleo e custos ligeiramente mais baixos, com custos upstream (exploração e produção) caindo 4% e downstream (refino) em baixa de 6%, embora a taxa de utilização da refinaria tenha permanecido em 77%.

O Ebitda ajustado somou R$ 12,986 bilhões no quarto trimestre, ante R$ 24,788 bilhões no mesmo período de 2016. De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, o resultado foi em linha e os impairments anunciados previamente não são um catalisador. Além disso, o fato de que a companhia mencionou estudos sobre pagamentos de dividendos trimestrais pode ser um sinal positivo de governança. 

O conselho da estatal determinou a realização de estudos para alterações no estatuto social com objetivo de estabelecer pagamentos trimestrais de dividendos ou de JCP (Juros sobre Capital Próprio), como pretende possibilitar o pagamento de dividendos intermediários à conta da reserva de lucros. Por conta dos seguidos prejuízos, desde 2014 a Petrobras não distribui dividendos para seus acionistas, que também devem ficar sem a remuneração este ano, uma vez que a empresa reportou prejuízo de R$ 446 milhões no ano passado. 

Ainda no radar da companhia, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) reformou ontem  a decisão que condenava a Petrobras a pagar quase R$ 1 bilhão de indenização à Refinaria de Manguinhos por concorrência desleal na fixação de preços. O assunto foi analisado por um colegiado de cinco desembargadores e quatro deles votaram por isentar a estatal do pagamento da indenização.

A condenação havia ocorrido em 2014. Na época, a juíza Simone Gastesi Chevrand entendeu que a Petrobras havia praticado preços abaixo do custo de produção na venda de gasolina, diesel e gás natural. O valor próximo a R$ 1 bilhão seria correspondente aos prejuízos causados à refinaria pela defasagem entre custo e venda entre 2002 e 2008 e por outros danos observados a partir de 2009. A decisão ainda é passível de recurso.

Natura (NATU3)

A ação da Natura chegou a subir 4,57% na máxima do dia, mas virou para queda acompanhando o dia mais azedo do mercado. A Natura reportou lucro líquido de R$ 256,8 milhões no quarto trimestre de 2017, uma alta de 23% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, a companhia registrou lucro de R$ 670,3 milhões, avanço de 117,5% em um ano.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) consolidado entre outubro e dezembro foi de R$ 628,4 milhões, aumento de 36% ante os mesmos meses de 2016. Em doze meses, o Ebitda da companhia atingiu R$ 1,741 bilhão, expansão 29,6%.

A Natura apurou receita líquida consolidada de R$ 3,732 bilhões no quarto trimestre, crescimento de 62,7% ante igual período do ano passado. De janeiro a dezembro, a receita acumulada é de R$ 9,852 bilhões, elevação de 24,5% na comparação anual.

Segundo o BTG, a companhia reportou uma boa performance operacional e, no Brasil, as vendas líquidas subiram 6,5% na base anual ajudada por um crescimento  de 2,1% nos volumes e apesar da queda de 10% em número de representantes “A nossa visão mais cautelosa no case reflete risco de execução relacionado a retomada de venda mais sustentável no Brasil e integração/turnaround da The Body Shop”, afirmam os analistas, que mantêm recomendação neutra. 

Oi (OIBR4) e TIM Participações (TIMP3)

A Oi chegou a subir 6% após a notícia do jornal O Globo de que a companhia telefônica e a TIM cogitam unir operações no Brasil. Os papéis OIBR3 chegaram a saltar 6%, mas amenizaram após a TIM negar o interesse em operação com a Oi, afirmando que a matéria  tem “cenários falsos, inexistentes e fora dos interesses da empresa”.

Segundo o jornal, citando fontes não identificadas, as companhias se reuniram no mês passado durante evento do setor de telefonia móvel em Barcelona, quando as conversas culminaram no fim do litígio judicial sobre compartilhamento de rede no Brasil.

A consolidação entre Oi e TIM, disse a publicação, deveria começar a ser alinhada após a companhia de telecomunicações carioca cumprir duas etapas do processo de recuperação judicial, a conversão da dívida em ações e a capitalização. Após a Oi seguir com as etapas da recuperação judicial, companhias vão avaliar como será feito esse modelo de união, que poderá ocorrer em paralelo com a capitalização, diz a publicação. 

O fundo abutre Elliot, que é acionista da Telecom Italia, também teria acompanhado de perto esse movimento, diz O Globo. Juntas, Oi e Tim teriam quase 120 milhões de clientes, sendo 97,3 milhões de usuários de telefonia móvel, garantindo a liderança no segmento com uma fatia 41%. 

Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3)

A novela sobre quem ficará com a Fibria – Paper Excellence ou Suzano – segue no radar. Segundo o Estadão, a oferta do grupo Paper Excellence (PE) para aquisição da Fibria, feita no último fim de semana, pode esbarrar em entraves jurídicos por conta da restrição de compra de terras por grupos estrangeiros no Brasil, apurou o jornal. A companhia, que pertence à família indonésia Widjaja, também dona da Asia Pulp and Paper (APP), entrou na disputa pela compra Fibria, maior produtora global de celulose, depois de a Suzano, vice-líder no País, ter retomado as conversas para combinar os ativos com sua rival.

Com operações no Canadá e na França, a Paper Excellence anunciou no ano passado a compra da Eldorado, do grupo J&F, da família Batista. A empresa tem fábrica em Mato Grosso do Sul, mesmo Estado onde a Fibria está instalada. A conclusão para a aquisição está prevista para ocorrer até setembro deste ano. No caso da Eldorado, a restrição de compra de estrangeiros foi posta de lado, uma vez que a empresa de celulose dos irmãos Batista não possui grandes áreas de florestas próprias, segundo fontes do jornal. 

O Brasil tem restrição à entrada de investidores estrangeiros desde 2010, após decisão da Advocacia Geral da União (AGU), que proibiu grupos internacionais de adquirir o controle de propriedades agrícolas. O projeto de lei que libera a compra de terras por estrangeiros, desde que em sociedade com empresas brasileiras, está parado na Câmara.

O governo está tentando emplacar a aprovação no Senado do projeto, que prevê maior flexibilização da lei. Ao propor a combinação de ativos com a Fibria, a Suzano não teria entraves, uma vez que as negociações envolvem grupos brasileiros. Os maiores acionistas da Fibria são a família Votorantim e o braço de participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar). Do lado da Suzano, a família Feffer é a maior acionista. 

Em comunicado esta semana, a Fibria confirmou que recebeu proposta da PE e que está em conversas com a Suzano. No entanto, a decisão de vender a empresa cabe aos acionistas, que analisam as propostas.

BR Malls (BRML3)

A BRMalls passou de um prejuízo de R$ 144 milhões no quarto trimestre de 2016 para um prejuízo de R$ 652,5 milhões no mesmo período do ano passado, resultado quatro vezes superior.

Enquanto isso, a receita líquida teve baixa de 4,6% de outubro a dezembro, para R$ 370,5 milhões. A última linha do balanço foi bastante afetada pela reavaliação de ativos,com um impacto de R$ 1,22 bilhões na linha de outras despesas operacionais. Em 2017, o prejuízo foi de R$ 796,3 milhões, contra lucro de R$ 171,3 milhões em 2016, enquanto a receita teve baixa de 1,6% em 2017, para R$ 1,27 bilhão. 

Segundo o BTG, o resultado veio mais fraco que esperado com FFO em R$ 133 milhões (6% abaixo do esperado pelo banco) por conta de maiores provisões e R$ 16 milhões de uma despesa one-off da inadimplência de uma empresa de estacionamento que levou a um Ebitda ajustado de R$ 235 milhões (5% abaixo do esperado) com margens em somente 63,5% (5 pontos-base abaixo previsto).

A companhia anunciou também um novo programa de recompra de ações de 40 milhões de ações. 

Positivo (POSI3)

A Positivo viu seu papéis despencarem após a companhia de tecnologia registrar prejuízo líquido de R$ 1,3 milhão no quarto trimestre de 2017, revertendo o lucro líquido de R$ 1,1 milhão obtido no mesmo trimestre dde 2016. No ano, a Positivo teve prejuízo líquido de R$ 4,4 milhões, ante lucro líquido de R$ 8,8 milhões obtido em 2016.

A receita líquida, por sua vez, subiu 49,8% no quarto trimestre de 2017, para R$ 587,4 milhões, frente aos R$ 392,1 milhões do mesmo período do ano anterior. Já o Ebitda ajustado no período foi de R$ 23,4 milhões, 34,8% menor frente o Ebitda de R$ 35,9 milhões do quarto trimestre de 2016. 

Eletrobras (ELET3)

De olho no movimento de privatização e com a expectativa de ser uma empresa mais enxuta após deixar o controle estatal, a Eletrobras informou que vai lançar um novo PDV (Programa de Demissão Voluntária) na próxima semana, com a meta de cortar mais 3 mil postos de trabalho.

A informação foi dada por Wilson Ferreira Júnior, presidente da companhia em coletiva para jornalistas. “Já cortamos R$ 1 bilhão com salários e vamos buscar mais R$ 1 bilhão de economia nesse próximo PDV”, disse. Segundo ele, a companhia já reduziu em 40% seu pessoal em cargo gerencial. Vale destacar que, na véspera, os papéis da companhia despencaram mais de 7% em meio à visão negativa sobre o apoio ao governo para conseguir ir em frente com a privatização. 

CCR (CCRO3)

A CCR volta a mostrar interesse em comprar Invepar, segundo informa o colunista Ancelmo Gois, do jornal Globo. A  Invepar conta com a participação dos fundos Previ, Petros e Funcef.

Novos nomes do Ibovespa

O Itaú BBA comentou sobre o rebalanceamento do Ibovespa esperado para maio em relatório a clientes, citando projeções baseadas em dados disponíveis até ontem e vê BR Distribuidora (BRDT3), Carrefour (CRFB3), B2W (BTOW3), CVC (CVCB3), Gol (GOLL4) incluídas no benchmark da bolsa. 

Já a Marfrig pode ser excluída. A Bolsa deve divulgar primeira prévia do Ibovespa em 16 de abril.

Recomendações

No radar de recomendações, a Itaúsa (ITSA4) foi rebaixada a ‘neutra’ por Safra, com preço-alvo de R$ 15. O Itaú Unibanco (ITUB4) foi rebaixado a ‘neutra’ pelo Safra, com preço-alvo de R$ 56. Já a Localiza (RENT3) teve a recomendação reduzida a ‘market perform’ pelo BB Investimentos.

Braskem (BRKM5)

A Braskem teve sua perspectiva de rating alterada de negativa para estável pela S&P.  A eedução de riscos de contingenciamento após investigações sobre corrupção e expectativa de sustentação do desempenho operacional foram os motivos para a revisão, segundo a agência de risco.

A reforma gradual da economia brasileira e as margens de crédito ainda saudáveis dos petroquímicos, mesmo que estejam mais pressionadas nos últimos anos, devem sustentar lucro e fluxo de caixa nos próximos 18-24 meses, disse a S&P. O rating da empresa foi reiterado em ‘BBB-‘.

Ambev (ABEV3)

Autoridades argentinas aprovam acordo entre AB InBev e a empresa chilena CCU (Compañia Cervecerías Unidas). Como consequência, fica também autorizada a operação acordada entre a AB InBev e a controlada da Companhia Cervecería y Maltería Quilmes. Apesar da aprovação, ainda falta a autorização da autoridade argentina de defesa da concorrência para que o negócio seja concretizado.

Dommo (DMMO3)

A Dommo informou que a produção Tubarão Martelo caiu para 218.334 barris em fevereiro. Em janeiro, a produção foi de 239.358 barris, segundo comunicado ao mercado.

A companhia diz que declínio está em linha com o processo de estabilização da pressão do reservatório após a reabertura do poço 7-TBMT-8H.

Eletropaulo (ELPL3)

A Eletropaulo diz que há negociações em andamento sobre participação indireta da AES Corp, mas não há qualquer decisão tomada até o momento, segundo comunicado ao mercado.

A companhia não forneceu mais detalhes sobre negociações ou partes envolvidas. O Valor Econômico informou na última quarta-feira que a GP Investments avalia fatia da AES na Eletropaulo.

CCX (CCXC3)

A CCX vai discutir grupamento de ações ON de 10 para 1 em Assembleia extraordinária, que será realizada em 13 de abril às 11h, no Rio, segundo comunicado ao mercado.

A pauta inclui eleição de membros do conselho após renúncias apresentadas em fevereiro e março, incluindo a do então presidente do conselho, Leonardo Martins. 

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg) 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.