Ibovespa sobe 4,5% e dólar tem maior queda semanal em 7 meses; mercado vê 50% de chance de novo corte na Selic

Índice tem dia "morno" e fica próximo da estabilidade enquanto dólar cai e chega a encostar nos R$ 3,20

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de subir 3.300 pontos desde o Carnaval, o Ibovespa passou por uma sessão de menor ânimo do mercado, deixando o índice próximo da estabilidade durante praticamente todo o dia de olhos nas notícias políticas, em especial a intervenção militar no Rio de Janeiro, que pode dificultar ainda mais a reforma da Previdência. Vale lembrar que na próxima segunda-feira (19) será feriado nos EUA, deixando as bolsas locais fechadas.

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O benchmark da bolsa brasileira fechou com leve alta de 0,28%, aos 84.524 pontos, levando o índice a registrar ganhos de 4,48% na semana. O volume financeiro neste pregão ficou em R$ 10,928 bilhões. Já o dólar comercial, por sua vez, teve queda de 0,45%, cotado a R$ 3,2213 na venda, após chegar a valer R$ 3,20 na mínima do dia. A moeda encerrou a semana com perdas de 2,45%, seu maior recuo semanal desde julho de 2017.

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O Rio de Janeiro acordou nesta sexta-feira com a notícia de que o presidente Michel Temer decidiu decretar intervenção na segurança pública do estado. Com isso, o Exército assumirá a segurança pública do Estado, com responsabilidade sobre as polícias, bombeiros e a área de inteligência, inclusive com poder de prisão de seus membros. O interventor será o general Walter Braga Neto que, na prática, substituirá o governador do Rio na área de segurança pública.

Essa decisão do governo pode suspender a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, que já enfrentava bastante dificuldades para ser aprovada. De acordo com um dispositivo do texto constitucional, a Constituição não pode sofrer modificações na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio: “hoje tivemos a confirmação do enterro da votação da reforma da Previdência”, disse o diretor da mesa de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

Em entrevista nesta manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que o decreto inviabiliza votar a Previdência na próxima semana e que o governo ainda não vai desistir do tema, que deve ir ao pleito na última semana do mês, como aproveitará para continuar trabalhando para conquistar os 308 votos necessários para aprovar o texto. Temer afirmou que suspenderia a intervenção se conseguir os votos para a Previdência, mas o cenário geral se tornou mais complicado.

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Novo corte na Selic ganha força
A aposta em redução da taxa básica de juros na reunião de março do Copom está deixando de ser minoritária, destacou a Bloomberg. O mercado de juros futuros, apontava nesta tarde um corte de 12,53 pontos-base para a próxima reunião do Comitê, atribuindo uma probabilidade implícita de 50,1% de queda adicional da Selic.

O movimento foi desencadeado pelo tom dovish da ata do Copom na quinta-feira (15), em que o Banco Central sinalizou que a inflação “em níveis confortáveis ou baixos” pode corroborar redução do juro para abaixo do patamar atual de 6,75%. Isso levou diversos analistas a revisarem suas projeções, esperando um novo corte no próximo mês. “Muitos players estão colocando a comunicação da ata no preço”, disse Rogério Braga, sócio-gestor da Quantitas, para a Bloomberg.

Com esta nova avaliação do mercado, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2019 teve queda de 4,5 pontos-base, para 6,61%, enquanto o DI para janeiro de 2021 afundou 10 pontos-base, para 8,62%.

Alckmin ganha força com Huck fora disputa

A decisão de Luciano Huck de ficar de fora da corrida presidencial deste ano deve favorecer Geraldo Alckmin, afirmam analistas políticos, concentrando no governador de São Paulo o selo de candidato reformista e ajudando na busca de maior apoio pelos partidos de centro: “é bom para Alckmin porque ele vai sobrando como candidato dessa coalizão”, afirmou Richard Back, analista político da XP Investimentos, em entrevista para a Bloomberg. Inclusive, segundo matéria da Coluna do Estadão, Huck avalia apoiar Alckmin na disputa ao Planalto, o que seria importante já que ele ainda patina nas pesquisas de intenção de voto.

Veja mais em: o político que mais tem a comemorar com a desistência de Luciano Huck

A despeito do desempenho ainda baixo nas pesquisas de intenção de voto, o tucano avança como opção às siglas do chamado “centrão” ao seu melhor estilo, na base do “resta um”, sem movimentos abruptos. Contudo, a aglutinação ainda não apresentou grandes avanços sobre partidos como o DEM, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o PSD, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e até o MDB, do presidente Michel Temer. As três siglas seriam vitais para a composição de uma coalizão sólida para a eleição presidencial.

Contudo, destaca a Eurasia Group, os riscos para mercado podem aumentar sem o apresentador na disputa, pois não há outro reformista claro com credenciais para aproveitar a onda “antiestablishment”, ou seja, fora dos nomes comuns da política. No entanto, a consultoria aponta ainda que o prazo final para candidatos se filiarem a partidos políticos é 7 de abril: “em teoria, Huck ainda pode decidir mais perto dessa data anunciar sua candidatura à Presidência”. De qualquer forma, as chances de ele concorrer diminuíram”, aponta.

Destaques de ações

Do lado negativo, destaque para as ações do Pão de Açúcar, que sofreram um processo de correção depois de subirem 8% em dois dias. Do outro lado, as ações da Fibria e Suzano subiram forte refletindo a matéria do jornal O Estado de S. Paulo apontando que as empresas voltaram a discutir possível fusão para criar gigante global. Segundo fontes do jornal ligadas ao BNDES, as duas empresas consultaram separadamente o banco de fomento sobre a parceria entre elas e não encontraram objeção.

Procurada pelo jornal, a Fibria e seus acionistas informaram que “não estão cientes de qualquer negociação envolvendo a companhia. Não existe, no momento, nada em andamento”. Já a Suzano não quis comentar o assunto, enquanto o BNDES não retornou os pedidos de entrevista.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FIBR3 FIBRIA ON 57,30 +6,60 +19,75 238,25M
 GOAU4 GERDAU MET PN 7,48 +6,25 +29,19 196,43M
 GGBR4 GERDAU PN 15,91 +6,07 +28,51 311,10M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 21,23 +4,63 +13,59 90,35M
 ITSA4 ITAUSA PN 13,40 +2,37 +23,84 333,25M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 44,02 -3,74 +2,68 84,48M
 BRFS3 BRF SA ON 29,70 -2,62 -18,85 139,29M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 71,32 -2,57 -9,64 72,01M
 LREN3 LOJAS RENNERON 34,19 -2,31 -3,66 56,68M
 WEGE3 WEG ON 22,87 -2,31 -5,14 53,49M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 50,69 +0,18 1,66B 817,44M 34.778 
 VALE3 VALE ON 46,03 +0,17 968,16M 761,34M 38.915 
 PETR4 PETROBRAS PN 19,42 +0,10 675,72M 943,88M 34.110 
 ITSA4 ITAUSA PN 13,40 +2,37 333,25M 222,17M 25.921 
 GGBR4 GERDAU PN 15,91 +6,07 311,10M 169,47M 34.032 
 BBDC4 BRADESCO PN 38,67 -0,18 278,56M 520,30M 17.744 
 BBAS3 BRASIL ON 40,30 +1,00 263,41M 424,36M 15.584 
 FIBR3 FIBRIA ON 57,30 +6,60 238,25M 134,06M 15.804 
 GOAU4 GERDAU MET PN 7,48 +6,25 196,43M 124,23M 19.140 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 22,37 +0,31 176,99M 273,10M 23.621 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.