A correção chegou: Ibovespa cai 0,5% e encerra sequência de oito altas semanais

Índice tem novo recuo pressionado pelos papéis ligados à commodities; dólar cai, mas fecha semana com ganhos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma sexta-feira (22) de realização de lucros por parte dos investidores, o Ibovespa encerrou sua sequência de oito altas semanais, com pressão vindo das siderúrgicas e da Vale por conta da derrocada do minério de ferro. Em Wall Street, o dia foi misto, apesar das novas ameaças feitas pela Coreia do Norte, que tiveram pouco impacto no mercado.

O benchmark da bolsa fechou com queda de 0,28%, aos 75.389 pontos, fechando a semana com perdas de 0,48%. O volume financeiro nesta sessão ficou em R$ 7,764 bilhões. O dólar comercial encerrou o dia com perdas de 0,53%, cotado a R$ 3,1276 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em outubro recuou 0,38%, sinalizando cotação de R$ 3,130.

Mais uma vez chamou atenção a derrocada do minério na China. A commodity spot (à vista) negociada no porto de Qingdao com 62% de pureza, uma das mais acompanhados pelo mercado, fechou em queda de 3,83%, a US$ 63,56 a tonelada, acumulando desvalorização de 11,4% nesta semana. Na mesma linha, os contratos futuros de minério de ferro negociados na Bolsa de Mercadorias de Dalian caíram 3,91% nesta sexta-feira, encerrando o pregão a 467 iuanes, equivalente a US$ 70,86.

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DIs em queda
Assim como na quinta-feira, os DIs seguiram seu processo de correção, em meio as apostas de que os juros deverão permanecer baixos no longo prazo. O BofA (Bank of America Merrill Lynch) reduziu sua expectativa para Selic em 2018 de 7% para 6,5%, enquanto o IPCA para este ano foi revisado de 3,3% para 3%, após o IPCA – 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de agosto ficar abaixo do esperado e o RTI (Relatório de Trimestral de Inflação) reforçar a chance da taxa de juros ficar abaixo de 7%.

Nesta expectativa, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 registraram baixa de 1 ponto-base, para 7,55%, enquanto o contrato com vencimento em janeiro de 2021 avançou 1 ponto-base, cotado a 8,73%.

Destaques do mercado

Na ponta negativa, além de CSN, que acompanhou a queda do minério de ferro, a CCR ficou entre os destaques de baixa após as ações serem rebaixadas pelo Itaú BBA (veja mais aqui). Do outro lado, as ações da Rumo subiram com aumento de capital de até R$ 2,6 bilhões.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 9,72 -5,08 -10,41 103,96M
 CSAN3 COSAN ON 37,80 -2,85 +1,63 34,21M
 CMIG4 CEMIG PN 8,67 -2,80 +15,52 54,25M
 WEGE3 WEG ON 21,96 -2,18 +43,58 157,28M
 GGBR4 GERDAU PN 11,31 -2,08 +4,91 75,29M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 10,84 +4,33 +76,55 201,81M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 30,40 +2,25 +95,75 134,38M
 SBSP3 SABESP ON 34,23 +2,15 +23,43 36,60M
 SANB11 SANTANDER BRUNT 28,71 +2,06 +2,42 32,70M
 JBSS3 JBS ON 8,32 +0,97 -26,78 65,36M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,69 +0,13 635,87M 632,03M 31.265 
 VALE3 VALE ON 31,91 -1,85 538,84M 708,88M 26.888 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,52 +0,75 265,61M 259,47M 19.338 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 43,53 +0,35 257,14M 371,72M 14.494 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 24,99 +0,04 228,41M 196,82M 11.444 
 RENT3 LOCALIZA ON 60,99 -1,17 224,89M 73,99M 6.067 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 10,84 +4,33 201,81M 97,26M 31.541 
 BBAS3 BRASIL ON 35,30 -0,62 190,18M 269,09M 17.408 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,02 -0,25 189,24M 329,78M 11.651 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,13 -0,18 189,01M 189,51M 13.794 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Contenção de danos
Temer está trabalhando para evitar uma rebelião na base após o ataque do presidente da Câmara Rodrigo Maia, conforme destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Após Maia acusar o PMDB e o governo de dar uma “facada nas costas” do DEM em meio a disputa por parlamentares do PSB, Temer assumiu a articulação para tentar contornar a insatisfação na base. Horas depois de chegar de Nova York, onde participou da Assembleia-Geral da ONU, Temer reuniu auxiliares e disse que marcaria uma conversa com Maia para resolver o problema e conter a rebelião.

Falando sobre a denúncia contra Temer, ela foi enviada à Câmara na última quinta-feira, mas só deverá iniciar a tramitação na próxima semana. Temer, por sinal, enfrentou uma baixa importante em sua defesa: um de seus principais advogados, Antônio Mariz de Oliveira, informou ao G1 que deixará a defesa do presidente, alegando questões éticas, porque já atuou na defesa do doleiro Lúcio Funaro.

De olho em 2018

Se as rusgas entre Maia e Temer tem a ver com o equilíbrio de forças para 2018, as movimentações continuam a todo vapor para definir as estratégias para a eleição do ano que vem. De acordo com a Coluna do Estadão, a cúpula do governo se movimenta para que a base aliada de Temer tenha um candidato único e que esse nome seja escolhido em conjunto e que não ficará restrita ao PSDB a decisão de lançar o governador Geraldo Alckmin ou o prefeito João Doria. No governo, a avaliação é que, se o PSDB se recusar a ouvir a opinião dos aliados, “marchará sozinho” na disputa presidencial, afirma a coluna. 

A ideia é que todos os potenciais nomes da base sejam analisados pelos 11 partidos – o que poderá incluir o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), ou o senador José Serra (PSDB-SP). Neste sentido, o Valor Econômico informa que a eventual candidatura presidencial pelo PSD de Henrique Meirelles já tem adeptos em outras legendas Centrão (PP e PR) e em alas influentes do próprio PMDB. O movimento de Meirelles, ainda cauteloso, pode ganhar musculatura caso se consolide a trajetória de recuperação da economia, mas com a retomada do emprego.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.