Ibovespa fecha em alta puxado por Vale e siderúrgicas em dia de vencimento de opções

Apesar do mercado americano ficar fechado, vencimento de opções compensou e volume de negócios ficou próximo da média diária

Rodrigo Tolotti

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após uma semana positiva, puxada sobretudo pela surpresa com um corte mais agressivo na Selic pelo Copom, o Ibovespa passou por uma sessão bastante volátil nesta segunda-feira (16), com um bom volume mais apesar do feriado nos Estados Unidos por conta do vencimento de opções sobre ações. O benchmark da Bolsa brasileira fechou o dia com variação positiva de 0,28%, aos 63.831 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 7,215 bilhões. Aepsar de Wall Street ficar fechada, o mercado segue atento às novidades sobre Donald Trump antes de sua posse na sexta-feira.

Os contratos de juros futuros, por sua vez, fecharam no negativo, com os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caindo 5 pontos-base, a 10,76%, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2018 recuaram 2 pontos. O mercado aguarda agora a divulgação da ata do Copom amanhã, que pode trazer maiores detalhes sobe os próximos passos do Banco Central e reforçar a ideia de um novo corte de 75 pontos-base no próximo mês.

Já o dólar futuro com vencimento em fevereiro deste ano caíram 0,03%, sinalizando cotação de R$ 3,236. O dólar comercial encerrou com ganhos de 0,53%, cotado a R$ 3,2370 na compra e R$ 3,2385 na venda, próximo da máxima do dia.

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O exercício das opções sobre ações de janeiro movimentou R$ 2,99 bilhões nesta segunda, informou a BM&FBovespa. Deste total, R$ 2,773 bilhões foram do exercício de opções de compra e os R$ 223,7 milhões restantes vieram de opções de venda. A Vale “dominou” o mês, com três entre as 5 opções mais movimentadas. Na segunda posição ficou a opção de compra de Petrobras, seguida pela opção de compra do Bradesco.

Sobre o Brasil, o FMI (Fundo Monetário Internacional) se mostrou mais pessimista com a economia nacional sobre o ano passado e este. Em relatório divulgado nesta segunda, o fundo aumentou a previsão de queda do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado de 3,3% para 3,5% e reduziu a projeção de alta em 2017, de 0,5% para 0,2%. Já para o próximo ano, o FMI projeta um crescimento de 1,5%.

No exterior, o cenário hoje foi de cautela, com a libra caindo ante o dólar e ouro subindo com receios sobre o ‘Brexit’. Notícia do Sunday Times destaca que a premiê britânica Theresa May vai indicar planos para que o país deixe o mercado comum da União Europeia para retomar controle sobre fronteiras e leis internas, o que seria uma saída dura do Reino Unido do bloco. Contudo, a porta-voz da premiê afirmou nesta segunda que estas notícias são “especulação”.

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Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis de Vale (VALE3; VALE5) e Bradespar (BRAP4) — holding que detém participação na mineradora — subiram, na esteira da alta do minério de ferro e perspectivas positivas para o balanço do 4° trimestre. Acompanharam o movimento positivo as siderúrgicas Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4). Hoje, o minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 3,86%, a US$ 83,65 a tonelada. 

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) ganharam força no fim do pregão e conseguiram fechar no positivo em dia de mercado volátil para o petróleo. Lá fora, o contrato Brent registrou alta de 0,32%, a US$ 55,63 o barril, enquanto o WTI avançou 0,52%, a US$ 52,64 o barril.  

Com relação à operação “Cui Bono?”, da Polícia Federal, deflagrada na última sexta-feira, a Marfrig (MRFG3) informou que a empresa não foi alvo de qualquer medida da PF. De acordo com a empresa, a Caixa e fundos do banco estatal não são acionistas relevantes da companhia, segundo a resposta enviada a pedido de comentários. As operações com Caixa foram feitas em condições de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, garantias reais e sem qualquer tipo de privilégio, disse a empresa.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 4,78 +5,06 +16,59 102,75M
 BRAP4 BRADESPAR PN 19,60 +3,76 +31,99 55,40M
 VALE5 VALE PNA 29,06 +3,27 +24,51 594,89M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,33 +3,17 -6,13 23,19M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,79 +2,84 +20,63 67,05M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 11,46 -2,80 +0,53 56,08M
 ELET3 ELETROBRAS ON 22,69 -2,16 -0,53 17,43M
 NATU3 NATURA ON 23,91 -1,81 +3,87 12,46M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 54,32 -1,59 -0,15 26,91M
 CCRO3 CCR SA ON 15,90 -1,49 -0,38 50,04M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 29,06 +3,27 594,89M 452,10M 26.369 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,75 +0,45 315,10M 465,43M 13.728 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,13 +0,19 149,31M 248,85M 11.353 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,05 -0,35 139,29M 175,21M 16.117 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 36,01 +0,08 133,88M 360,15M 9.897 
 USIM5 USIMINAS PNA 4,78 +5,06 102,75M 64,84M 8.433 
 BBAS3 BRASIL ON 28,46 +0,07 99,67M 170,04M 9.683 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 17,77 -0,62 95,44M 175,24M 13.936 
 ITSA4 ITAUSA PN 8,91 0,00 85,49M 108,05M 15.108 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,05 -0,73 84,64M 92,61M 13.479 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Confira os principais eventos do dia e da semana:

Relatório Focus
Após um surpreendente corte de 75 pontos-base na taxa básica de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na última reunião, os economistas semanalmente consultados pelo Banco Central reavaliaram suas projeções para a Selic ao final deste ano e do próximo. Conforme mostra a última edição do Relatório Focus, publicado na manhã desta segunda-feira (16), as expectativas para os juros caíram de 10,25% para 9,75% ao final de 2017, ao passo que para o ano seguinte foram de 9,63% para 9,50%. Atualmente a taxa está em 13% ao ano.

Do lado da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a mediana das projeções apontou para um leve recuo de 4,81% para 4,80% ao final desde ano, e manteve o patamar de 4,50% — centro da meta estabelecida pelo governo — em 2018. As apostas para o PIB (Produto Interno Bruto) continuaram em alta de 0,50% neste ano, ao passo que para o ano seguinte caíram de +2,30% para +2,20%. Para o câmbio, as projeções recuaram de R$ 3,45 para R$ 3,40 em 2017, e seguiram em R$ 3,50 no ano seguinte.

Entre os cinco economistas que mais acertam — o chamado “top 5” –, a mediana das expectativas para a inflação caíram de 4,91% para 4,74% neste ano, e se mantiveram em 4,50% em 2018. Do lado do câmbio, o dólar foi mantido em R$ 3,50 em 2017, ao passo que para o ano seguinte mergulhou de R$ 3,80 para R$ 3,65. A Selic, por sua vez, foi de 10% para 9,75% neste ano e seguiu em R$ 9,25% no ano seguinte.

Crise nos presídios e noticiário político
Este foi mais um fim de semana de tensão para o governo. No campo da segurança pública e da crise do sistema prisional, mais um massacre com 26 mortos decapitados neste domingo numa penitenciária da Natal, novamente por divergências entre facções do crime organizado, mais as fugas em cadeias do Paraná, da Bahia e de Minas Gerais, com 76 detentos foragidos, o que pressiona o Palácio do Planalto e eleva a pressão por novas medidas.

Além disso, as discussões se concentram na disputa pela presidência da Câmara e em torno do acordo entre a União e o Rio de Janeiro. Cabe lembrar ainda a operação da PF da última sexta-feira, que teve o ex-ministro Geddel Vieira Lima como um dos alvos, além de citações a empresas de frigoríficos. A revista Veja do último fim de semana informou ainda que a Camargo Corrêa negocia delação envolvendo 200 políticos.

Atenção ainda para a fala de Henrique Meirelles para o jornal O Estado de S. Paulo. Ele afirmou que o Brasil vai crescer no primeiro trimestre deste ano e que, certamente, o pior na economia já passou.

Entrevista exclusiva
Nesta segunda, o InfoMoney traz uma entrevista exclusiva feita com o economista Felipe Rezende, pesquisador e professor-associado da Hobart and William Smith Colleges. Durante a conversa, o especialista mostrou-se preocupado com o otimismo manifestado pelo mercado nos últimos pregões e com os efeitos da crise de endividamento das empresas brasileiras, que já teria se espalhado pelo sistema financeiro. “Há um cenário de quebradeira generalizada. Tomem muito cuidado com quem fala que os bancos ainda têm balanços robustos, porque irá acontecer um reconhecimento dessas perdas muito mais forte em seus balanços neste ano”, alerta o professor.

Na avaliação do economista, dado o quadro recessivo nacional, a percepção de inflação controlada, a crise de balanços e o desemprego, seria imperativo para o Banco Central promover cortes agressivos na Selic, em direção a uma taxa de juros real próxima a zero. Apesar disso, o ambiente de reprecificação de ativos globais, em decorrência do que se espera da política econômica de Donald Trump, deverá impor um dilema à equipe de Ilan Goldfajn. Para conferir a íntegra da entrevista, clique aqui.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.