Ibovespa acelera no fim e sobe 1,3%, mas não evita queda de 2% na semana

Índice retoma os 60.000 pontos, com ajuda das ações da Petrobras, Vale e bancos, mas não evita perdas de 2% na semana

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa ganhou força durante a tarde, após chegar a cair 2,38% na mínima do dia, e fechou próximo de sua máxima, com ganhos de 1,36%, aos 60.321 pontos. Mesmo assim, o movimento não foi suficiente para evitar que o índice encerrasse a semana com perdas acumuladas de 2,02% – a primeira queda semanal após duas altas seguidas – em um período guiado pelo desempenho das commodities e pelo temor político. Nesta sexta-feira (2) o volume financeiro ficou em R$ 9,148 bilhões.

A semana começou com fortes ganhos de 2% enquanto o mercado ficava atento à reunião da Opep. Na segunda-feira, o ministro de petróleo do Iraque deu uma sinalização de que iria cooperar com o acordo e deixou o mercado bastante otimista. Porém, no dia seguinte os investidores voltaram a ficar tensos com a possibilidade não acontecer um acordo, levando a Bolsa a cair quase 3%.

Na quarta-feira foi o dia da derradeira decisão, com a Opep conseguindo chegar a um acordo entre seus membros, o que levou o petróleo a subir 9% e puxou a Bolsa, que subiu 1,5%. Desde então, a política tomou conta do mercado, com os temores diante de uma nova crise no governo. Na véspera, o Ibovespa registrou seu pior desempenho em 10 meses, caindo 3,88%, o que foi decisivo para o desempenho acumulado da semana ser negativo.

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Pregão desta sexta-feira
A Bolsa ganhou fôlego após a abertura das bolsas norte-americanas, seguindo uma também virada nos preços do petróleo, que ajudaram a trazer alívio para as ações da Petrobras, que depois de caírem 4%, tiveram alta de quase 3% nesta sessão. Os papéis dos bancos e Vale também contribuíram para o sentimento positivo do Ibovespa.

Durante a manhã, no entanto, o cenário era outro no mercado: o Ibovespa oscilou 1.000 pontos em 10 minutos com a divulgação do Relatório de Emprego dos Estados Unidos. Após os dados dentro do esperado, o índice saltou 1,7% em 6 minutos, mas nos 4 minutos seguintes já operava na mesma região pré-Payroll.

Da mesma forma, o dólar ficou instável neste pregão, entre atuação do Banco Central, dados dos EUA e turbulência política internaA sessão foi marcada pela percepção de agravamento da crise entre os Poderes e maior pessimismo com relação à capacidade de o governo Michel Temer conseguir implementar a agenda de ajustes. 

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Os contratos futuros da moeda americana registraram leve alta de 0,30%, a R$ 3,509. Mais cedo, o BC colocou todos os 15 mil contratos de swap anunciados para rolagem. Já o dólar comerical subiu 0,12%, cotado a R$ 3,4710 na compra e R$ 3,4726 na venda. Do lado dos DIs, o dia foi de movimentos opostos, com os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caindo 4 pontos-base, a 12,26%, enquanto os de vencimento em janeiro de 2021 subiram 8 pontos-base, a 12,36%.

Relatório de emprego
O mercado de trabalho dos Estados Unidos gerou 178 mil vagas em novembro, ante 161 mil geradas em outubro. O resultado veio praticamente em linha com o esperado por analistas, que era uma criação de 180 mil vagas. A taxa de desemprego nos EUA ficou em 4,6% no mês passado, o menor nível em 9 anos. O número veio abaixo do esperado pelo mercado, que era de estabilidade nos 4,9% de outubro.

Uma medida mais ampla do desemprego – que inclui os norte-americanos que trabalham meio período – caiu para 9,3% em novembro, de 9,5% no mês anterior. Este foi o menor nível desde abril de 2008. Já a taxa de participação na força de trabalho dos EUA recuou marginalmente em novembro, a 62,7%, de 62,8% em outubro.

Destaques da Bolsa
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) viraram para alta nesta tarde, após queda de até 4%, puxadas pelos preços do petróleo, que passaram para o campo positivo. Os preços dos barris WTI e Brent subiram 1,10% e 0,78%, respectivamente, cotados a US$ 51,62 e US$ 54,36 o barril.

O movimento positivo também foi visto nas ações da Vale (VALE3; VALE5) e bancos, que ganharam força com o mercado doméstico após abertura das bolsas dos Estados Unidos. O desempenho da Vale, no entanto, contrariou a queda do minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao (China) com 62% de pureza, que fechou em queda de 0,73%, a US$ 77,79. 

Já como a maior alta do dia, destaque para a Braskem (BRKM5), que disparou 14% na máxima do dia após anúncio de que a empresa está incluída no acordo de leniência da sua controladora, a Odebrecht.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 30,49 +12,43 +22,69 112,23M
 JBSS3 JBS ON 9,65 +6,39 -18,19 116,13M
 CYRE3 CYRELA REALTON 9,42 +5,49 +28,94 34,80M
 VALE5 VALE PNA EJ 26,41 +4,97 +159,36 717,87M
 BRAP4 BRADESPAR PN 15,50 +4,87 +210,62 46,45M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLE3 SMILES ON 41,29 -4,09 +27,69 50,92M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 7,06 -3,16 +41,84 47,12M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 49,30 -2,67 +17,81 72,14M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 54,95 -1,88 +45,83 57,01M
 RADL3 RAIADROGASILON 61,58 -1,63 +74,86 82,51M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,83 +2,53 903,29M 1,02B 53.501 
 VALE5 VALE PNA EJ 26,41 +4,97 717,87M 795,52M 37.932 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 33,94 +0,41 447,93M 512,99M 31.021 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,71 +0,48 374,29M 269,55M 34.688 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 28,52 +1,59 349,32M 376,88M 32.879 
 PETR3 PETROBRAS ON 18,65 +2,42 288,72M 223,56M 25.473 
 VALE3 VALE ON EJ 29,49 +4,10 273,87M 219,50M 19.192 
 BBAS3 BRASIL ON 27,17 +2,07 249,96M 271,94M 28.226 
 GGBR4 GERDAU PN 12,90 -0,39 247,94M 198,45M 37.498 
 CIEL3 CIELO ON 28,60 -1,04 227,54M 154,22M 23.140 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Economia doméstica
A produção da indústria de bens de capital caiu 2,2% em outubro ante setembro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira, 2. Na comparação com outubro de 2015, o indicador mostra queda de 9,8%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF). No acumulado de 2016, houve redução de 14,4% na produção de bens de capital. Em 12 meses, o resultado é de retração de 17,4%.

Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou redução de 0,4% na passagem de setembro para outubro. Na comparação com outubro de 2015, houve recuo de 7,3%. No acumulado do ano, a queda é de 6,5%, enquanto a taxa em 12 meses é de recuo de 7,1%.

Crise institucional e delação da Odebrecht
O mercado ainda deve digerir o pesado noticiário político desta quinta-feira, que pesou para a queda do Ibovespa no pregão de ontem. A sessão no Senado para discutir o crime de abuso de autoridade contra magistrados e membros do Ministério Público colocou frente a frente o juiz Sérgio Moro e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador alagoano foi ainda declarado réu pelo Supremo Tribunal Federal e agora é réu acusado de peculato. Ele teria recebido dinheiro de uma empreiteira para pagar despesas particulares de uma ex-amante. A apreensão de analistas é que o embate entre o Legislativo e o Judiciário emperre o avanço das medidas de ajuste fiscal no Congresso e fragilize a governabilidade do presidente Temer.

O nervosismo também cresce em Brasília após a construtora Odebrecht finalmente assinar seu acordo de leniência e 77 executivos do grupo, acordos de delação premiada. Anunciadas para a semana passada, as assinaturas dos documentos começaram a ser feitas na na tarde desta quinta-feira (30). Pelo acordo, a empreiteira se compromete a pagar uma multa de R$ 6,7 bilhões em 20 anos, valor que, acrescido dos juros, pode atingir R$ 8,6 bilhões. As novas revelações que devem surgir a partir dos depoimentos podem envolver mais de 200 políticos de diversos partidos e deixar o clima político pesado, dificultando ainda mais a aprovação das medidas do ajuste fiscal. A negociação incluiu também um acordo de leniência da Braskem.

Bolsas mundiais
O dia foi negativo para as bolsas europeias e asiáticas, assim como para os índices futuros em Wall Street, com o mercado dando continuidade ao movimento de ressaca após a disparada dos preços das commodities das últimas sessões. Na Europa, o pregão é de nervosismo em meio à proximidade do referendo a ser realizado na Itália. Já na Ásia, o índice de blue-chips da China avançou pela oitava semana seguida, embora tenha recuado nesta sexta-feira e os ganhos tenham sido limitados pelas ações de recursos básicos em meio ao recuo de commodities. Como um todo, as ações asiáticas devolveram parte dos ganhos nesta sessão, diante da possibilidade de altas de juros mais rápidas do que o esperado nos Estados Unidos.