Euforia da Vale ofusca surpresa com Copom e Bolsa fecha em alta pela 5ª vez em 6 pregões

Surpresa com Copom derrubou o dólar nesta quinta-feira e trouxe volatilidade à Bolsa, mas a força das ações da Vale e bancos ajudaram a manter o índice no positivo durante esta tarde

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em meio a um noticiário movimentado, o Ibovespa contrariou as indicações iniciais do que poderia ser uma sessão de realização dos fortes ganhos recentes e teve sua quinta alta em seis pregões. Nesta quinta-feira (20), o benchmark da Bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,52%, a 63.837 pontos, puxado sobretudo pelas ações da mineradora Vale (VALE3; VALE5) e dos bancos. O giro financeiro negociado na BM&FBovespa foi de R$ 7,608 bilhões. No radar dos investidores, destaque para a repercussão do primeiro corte de juros em quatro anos pelo Copom (Comitê de Política Monetária), os desdobramentos da prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela Operação Lava Jato e a decisão do Banco Central Europeu em manter juros básicos a zero e seu programa de estímulos em 80 bilhões de euros, sem sinais de alteração na política monetária do velho continente.

O dólar comercial, por sua vez, fechou em queda de 0,95% ante o real, cotado a R$ 3,1390 na venda, em reação à decisão do Copom e com a expectativa de fluxo de recursos com a Lei da Repatriação, cujo prazo final para adesão ao programa de regularização dos recursos não declarados e mantidos no exterior é 31 de outubro. Para José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos, a moeda americana começa a caminhar em direção ao patamar dos R$ 3,10, que, se rompido, pode conduzi-la aos R$ 3,00.

Já os contratos de juros futuros curtos e longos encerraram o dia em alta significativa. Os papéis com vencimento em janeiro de 2017 e janeiro de 2021 apresentaram respectivas altas de 1,49% e 0,09%, a 13,28% e 11,10%. O movimento dos DIs segue a percepção dos investidores de um tom mais “hawkish” do Copom na decisão da véspera, apesar da decisão de reduzir a taxa básica de juros brasileira. A decisão de reduzir em 25 pontos-base a Selic vem após nove reuniões com a taxa mantida em 14,25%. No entanto, a cautela prevalece e o mercado retrai aposta agressiva, segundo analistas, que apontam como principais surpresas do comunicado o aumento das projeções de inflação do BC para 2018 e a demonstração de insatisfação com o ritmo de desaceleração dos preços em serviços.

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Conforme destaca o economista sênior do Goldman Sachs Alberto Ramos, a aceleração do ritmo de cortes não está no piloto automático. “O Copom ainda está focado em assegurar convergência da inflação para a meta no fim de 2017 e também no fim de 2018, o que, considerando o perfil das projeções de inflação, poderia, provavelmente, apenas ser conciliada com ritmo muito gradual de corte no curto prazo e apenas aceleração do ritmo no segundo trimestre do ano que vem”, aponta. Veja mais análises clicando aqui.

Ainda no noticiário econômico, o mercado ficará de olho no IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de agosto, que será divulgado às 8h30, com a expectativa mediana dos economistas sendo de recuo de 0,5% na economia brasileira no período.

O mercado ainda deve ficar de olho nas próximas notícias sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após o ex-presidente da Câmara dos Deputados ser preso no âmbito da Operação Lava Jato. Os temores são de que uma eventual delação do peemedebista possa gerar efeito na aprovação das medidas de ajuste fiscal, uma vez que ele pode envolver integrantes do governo. Porém, segundo um integrante do governo ouvido pela Bloomberg, a prisão do deputado cassado já era esperada, não deve alterar a cronograma da votação da PEC do teto de gastos. “Não tem como saber se Cunha vai assinar uma delação premiada nem o que ele diria; então, o governo não vai sofrer por antecipação, ainda está focado nas medidas econômicas”, disse a pessoa. O presidente Michel Temer retorna de viagem à Índia e Japão, com previsão de chegada em Brasília às 11h30.

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Destaques corporativos
A Petrobras fechou entre perdas e ganhos. As ações preferenciais da estatal encerraram na sua sexta sessão seguida de valorização, descoladas dos preços do petróleo. O contrato do petróleo Brent caiu 2,5%, a US$ 51,32 o barril, enquanto o WTI recuou 2,3%, a US$ 50,43 o barril. No radar da estatal, a companhia contratou o Itaú BBA para vender fatia na Guarani, segundo fontes disseram para a Bloomberg. A estatal contratou o banco para intermediar sua participação de 45,9% na fabricante de açúcar e etanol Guarani. 

Além dela, destaque para a Vale, que disparou 4% apesar da notícia que o Ministério Público Federal em Minas Gerais denunciou nesta quinta-feira 26 pessoas físicas e jurídicas pelo rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, na Região Central do estado. 21 delas são acusadas de homicídio doloso – quando há intenção de matar, assim como a BHP Billiton e a Vale. Do lado positivo, a mineradora reagiu à alta dos preços do minério de ferro, elevação de recomendação pelo Itaú BBA, relatório de produção do 3° trimestre e corte de guidance pela Rio Tinto.  

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE5 VALE PNA 17,92 +4,43 +74,83 478,67M
 QUAL3 QUALICORP ON 20,86 +4,30 +55,96 53,01M
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,85 +3,01 +9,78 39,26M
 BRAP4 BRADESPAR PN 11,61 +2,93 +132,67 25,08M
 VALE3 VALE ON 19,10 +2,58 +46,58 179,40M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 12,06 -3,52 +2,24 110,45M
 KROT3 KROTON ON 16,50 -2,37 +75,12 154,81M
 FIBR3 FIBRIA ON 22,68 -2,24 -55,52 30,97M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 19,58 -2,10 +44,96 17,57M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 10,09 -1,46 -44,84 26,35M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda internacional
No exterior, chama atenção a decisão do Banco Central Europeu por manter os juros básicos a 0% e seu programa de estímulos em 80 bilhões de euros, em linha com o que esperava a maior parte dos especialistas do mercado, e contrariando alguns rumores de que a política de afrouxamento monetário poderia começar a ser modificada.

Apesar da ausência de surpresas no anúncio da autoridade monetária europeia, o presidente Mario Draghi fez um discurso que mexeu com os ânimos dos investidores. Em coletiva de imprensa, o dirigente chamou atenção para o fato de a conjuntura econômica seguir sujeita a riscos negativos. O tom de pessimismo provocou uma queda nas bolsas europeias e uma disparada nos yields dos bonds dos mais diversos países da região — casos de Alemanha, França e Espanha. O movimento foi acompanhado pelo Ibovespa, que já repercutia uma espécie de “frustração” com o Copom e o próprio cenário nebuloso no campo da política, além de um momento que poderia ser propício para vendas em um movimento de realização de ganhos após as fortes altas recentes.

O pessimismo europeu, porém, acabou novamente revisto. Contribuindo para o movimento de recuperação das bolsas europeias e mergulho dos yields dos bonds veio outro trecho do discurso de Draghi, no qual o presidente do BCE disse que, na última reunião, não foi discutida qualquer mudança no programa de compra de ativos — seja para cortes ou prorrogações. “Às vezes é importante dizer o que não discutimos. E não discutimos a redução ou o horizonte pretendido do nosso programa de compra de ativos”, afirmou em entrevista à imprensa.

Com isso, cresceu a especulação de que o BCE vai prorrogar suas compras de títulos de 80 bilhões de euros por mês, destinadas a impulsionar a economia e a inflação. Também há relatos de que o banco está pensando em como eventualmente encerrar o programa. O presidente da autoridade monetária europeia disse que um fim abrupto do programa é improvável.

Já nos Estados Unidos, a 20 dias das eleições presidenciais, os candidatos republicano Donald Trump e democrata Hillary Clinton voltaram a trocar acusações no terceiro e último debate da corrida eleitoral. Transmitido ao vivo na noite de quarta-feira, a partir de Las Vegas para todo o território norte-americano por redes de televisão, de rádio, pela internet e até em salas de cinema, o debate, em determinados momentos, passou longe das propostas políticas de cada um dos partidos e resvalou para ataques pessoais. Hillary chamou Trump “fantoche” do presidente da Rússia, Vladimir Putin. E Trump se referiu a Hillary como “mulher desagradável”.

Sob pressão para conter a queda nas pesquisas, desde que nove mulheres o acusaram de assédio sexual, e também desde que foi divulgado um vídeo em que faz comentários desrespeitosos às mulheres, Donald Trump procurou, durante o debate, desqualificar as acusações das mulheres. Ele disse que elas são “falsas” e que as mulheres que o acusam provavelmente só desejam a “fama”. Trump procurou garantir os votos dos eleitores conservadores com a promessa de deportar imigrantes ilegais, apoiar o direito de uso de arma e de nomear juízes da Suprema Corte que possam derrubar propostas que defendam o direito do aborto.

Além disso, destaque para a bateria de indicadores. O Departamento do Trabalho americano informou que foram feitos 260 mil pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 15 de outubro, ante estimativas de analistas consultados pela Bloomberg de 250 mil. Às 12h, serão revelados os números de venda de casas usadas. No mesmo horário, serão divulgados os dados de indicadores antecedentes. Por fim, destaque para a fala de William Dudley, presidente do Federal de Nova York. “Se a economia permanecer em sua atual trajetória acho…que veremos uma alta dos juros mais tarde neste ano”, afirmou ele em um jantar, minimizando qualquer risco relacionado ao mercado em função de um esperado aperto da política monetária em dezembro. 

Além disso, destaque para a bateria de indicadores. O Departamento do Trabalho americano informou que foram feitos 260 mil pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 15 de outubro, ante estimativas de analistas consultados pela Bloomberg de 250 mil. Às 12h, serão revelados os números de venda de casas usadas. No mesmo horário, serão divulgados os dados de indicadores antecedentes. Por fim, destaque para a fala de William Dudley, presidente do Federal de Nova York. “Se a economia permanecer em sua atual trajetória acho…que veremos uma alta dos juros mais tarde neste ano”, afirmou ele em um jantar, minimizando qualquer risco relacionado ao mercado em função de um esperado aperto da política monetária em dezembro.