Ibovespa tem 2º dia de queda com más notícias da China e correção em Wall Street

SÃO PAULO – O Ibovespa conheceu sua segunda queda seguida nesta quarta-feira (23) ao terminar o dia com perdas de 0,78%, a 51.569 pontos. Os dados negativos das duas maiores economias do planeta – Estados Unidos e China – trouxeram pessimismo às bolsas mundiais. Apenas 8 das 72 ações do índice registraram ganhos superiores a 1%, em um dia marcado pelos altos e baixos das imobiliárias após prévias divulgadas e os ganhos da Petrobras (PETR3, R$ 15,22, -0,13%; PETR4, R$ 16,03, +0,44%) sendo ofuscados pelas quedas da Vale (VALE3; R$ 30,29, -1,37%; VALE5, R$ 27,70, -1,21%) e bancos. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 6,12 bilhões.

Apesar de sua segunda queda na semana, o índice segue com saldo positivo desde a disparada de 1,78% na quinta-feira pré-feriado, quando antecedeu a divulgação da pesquisa eleitoral Ibope. Desde o primeiro dia do mês, o benchmark vem operando “congestionado” entre as faixas de 50.300 e 52.100 pontos. Mesmo com a queda de hoje, abril segue positivo na bolsa brasileira, em linha com o que esperam boa parte dos analistas para o mês.

Ganhou destaque o PMI (Índice Gerente de Compras) da China, que marcou 48,3 pontos em abril, ante 48 em março, mostrando a 4ª contração mensal seguida do gigante asiático. Segundo a equipe de análise da LCA, o fraco desempenho da China no setor industrial confirma a necessidade de novas medidas de estímulo para garantir o cumprimento da meta de crescimento do PIB deste ano, de 7,5%. “Esperamos algumas medidas pontuais, especialmente em projetos de infraestrutura, mas nada capaz de proporcionar substancial mudança ao longo deste trimestre”, observam os analistas da LCA em relatório.

Blue chips em queda
Em meio aos dados não animadores da China, as ações da Vale registraram nova baixa. As ações de siderúrgicas tiveram um dia misto, com CSN (CSNA3, R$ 9,15, -1,08%) e Gerdau (GGBR4, R$ 13,50, -0,74%) fechando em queda e Usiminas (USIM5, 9,26, -1,17%), entre as principais altas.

No noticiário corporativo, a Petrobras chamou a atenção mais uma vez do mercado ao devolver a área em que realizou a primeira perfuração do pré-sal. O bloco BM-S-10, na Bacia de Santos, foi entregue no último mês à ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível, após a estatal não ter cumprido o prazo para declaração de comercialidade da área, informou O Estado de S. Paulo.

Essa foi a primeira vez que a companhia devolveu uma área de pré-sal. Para o mercado, a decisão foi um sinal de que a empresa está revendo suas prioridades de exploração para cumprir os investimentos previstos. A meta da Petrobras é dobrar a produção até 2020, atingindo 4 bilhões de barris de óleo por dia.

As ações das imobiliárias também chamaram atenção, após a divulgação das prévias operacionais das construtoras e incorporadoras MRV (MRVE3, R$ 7,10, -3,53%), EVEN (EVEN3, R$ 7,21, -1,90%) e Gafisa (GFSA3, R$ 3,57, -3,51%). A primeira informou na terça-feira que os lançamentos subiram 6% na comparação anual, mas as vendas subiram 40% no mesmo período, em mais um sinal de redução de estoques. No ano passado, a construtora e incorporadora mineira concentrou seus lançamentos no quarto trimestre, com alta de 101% frente ao mesmo período de 2012.

Já a Even divulgou queda tanto de lançamentos quanto de vendas. Os lançamentos recuaram 33,5% em relação aos dados divulgados um ano antes, e as vendas contratadas, também focadas na redução dos estoques, diminuíram 18,6%.

Por outro lado, a Gafisa apresentou forte alta nos lançamentos no primeiro trimestre, de 172%. As vendas também mais do que dobraram no período, mas a redução de estoques também predominou e representou 76% dos empreendimentos comercializados no período.

Na outra ponta do setor, os papéis da Rossi (RSID3, R$ 1,63, +3,82%) driblaram as perdas de seus pares e terminaram o dia com os maiores ganhos dentro do índice.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

^* – Lote de mil ações
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Wall Street e dólar
Repercutiram ainda no mercado os dados do setor industrial dos EUA, que apontaram para expansão abaixo do esperado em abril com recuo dos estoques. Ainda na maior economia do mundo, o Markit informou que seu PMI preliminar de indústria dos EUA caiu para 55,4 em abril, ante 55,5 em março. Economistas consultados pela Reuters esperavam 56,0. As vendas de novas moradias para uma única família no país, por sua vez, despencaram para o menor nível em 8 meses em março, em um revés para a recuperação do setor imobiliário. Os indicadores negativos derrubaram o humor dos investidores, que aproveitaram para embolsar lucros do rali dos últimos 6 pregões em Wall Street.

Já o dólar, que vinha em alta significativa nos últimos pregões, voltou a cair forte nesta quarta-feira, ignorando o dia negativo na Bovespa – normalmente a moeda americana costuma subir em dias de queda, por conta de uma maior provável saída de investimento estrangeiro do País. Nesta sessão, a divisa apresentou desvalorização de 0,70% ante o real, fechando cotado a R$ 2,2261 na venda.

Outros destaques
Os dados ruins apresentados pela China ofuscaram indicadores positivos divulgados na Zona do Euro, onde as bolsas fecharam em queda. No velho continente, a leitura preliminar do PMI composto calculado pela Markit subiu para 54,0, ante 53,1 em março, o segundo patamar mais elevado desde maio de 2011, e consiste no décimo mês consecutivo de expansão, enquanto a prévia do PMI da indústria avançou para 53,3, ante 53,0 em março, ao passo que a prévia do indicador de serviços passou de 52,2 para 53,1. Ambos os indicadores ficaram acima das estimativas do mercado.Destaque ainda para a ata da última reunião de política monetária do BoE (Bank of England).