Funcionários do Google se demitem por envolvimento da empresa em projeto militar

Os funcionários que estão renunciando em protesto afirmam que os executivos se tornaram menos transparentes sobre decisões comerciais 

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Os funcionários do Google – e o público – tomaram conhecimento há mais de três meses da decisão da empresa de fornecer inteligência artificial a um (considerado controverso) programa militar conhecido como Maven, que visa agilizar a análise de imagens de drones ao identificar automaticamente imagens de objetos e pessoas. Agora, um grupo de funcionários do Google se demitiu em protesto ao envolvimento da empresa neste projeto desenvolvido pelo Pentágono, segundo o Gizmodo.

Os funcionários afirmam que os executivos se tornaram menos transparentes sobre decisões comerciais controversas e parecem menos interessados em ouvir os trabalhadores do que antes. No caso do projeto Maven, o Google está ajudando o Departamento de Defesa dos EUA a implementar a análise de vídeos e imagens coletadas por drones. Mas a principal crítica é que eles acreditam que os humanos, e não máquinas, deveriam ser responsáveis por esse trabalho sensível e potencialmente letal – e que o Google não deveria estar envolvido no trabalho militar.

As frustrações dos funcionários que se demitiram variam de preocupações éticas específicas sobre o uso da inteligência artificial na guerra de drones até preocupações mais amplas sobre as decisões políticas do Google.  Com esse projeto funcionando os drones dos EUA poderiam identificar um alvo e atacar rapidamente e de muito longe. 

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Historicamente, o Google promoveu uma cultura aberta que incentiva os funcionários a questionar e debater decisões sobre produtos. Mas alguns funcionários sentem que seus respectivos chefes não estão mais atentos às suas preocupações. 

Além das demissões, quase 4 mil funcionários do Google manifestaram sua oposição ao Projeto Maven em uma petição interna que pede a empresa que cancele imediatamente o contrato e estabeleça uma política contra ajudar projetos militares futuros. 

No entanto, a crescente pressão dos funcionários parece não ter influenciado muito a decisão do Google – a empresa defendeu seu trabalho com o Maven alegando que não é um projeto para fins ofensivos. 

Segundo o site, o número de funcionários que se demitiram é muito pequeno (não foi revelado exatamente quantos), considerando que a gigante da tecnologia conta com mais de 70 mil funcionários ao redor do mundo, mas eles representam também uma grande parte de empregados insatisfeitos com as atitudes da empresa. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.